A Geografia, seja sob qualquer viés ideológico ou epistemológico, busca, em sua essência, por padrões. Para que possamos alcançar tais entendimentos e integração, as Análises Espaciais permitem sua operacionalização computacional sendo, como definem Câmara e Davis (2001), ferramentas capaz de mensurar propriedades e relacionamentos, levando em conta a localização espacial do fenômeno de forma explícita.
“Picasso Quote” de Bansky
Talvez o exemplo mais clássico (e muito explorado por mim) é a análise do Dr. John Snow quanto aos casos de Cólera na Epidemia de Londres em 1854. Por meio de três ‘variáveis’ e modelos simples de proximidade, foi possível chegar ao entendimento do surto e da propagação da doença e como erradicá-la.
Outros exemplos “fora da caixa” de Análises Espaciais, como o uso pela Confederação Alemã de Futebol (7×1….), grupos de dança nos EUA utilizando para coreografias e, até mesmo, análise da probabilidade de itens em jogos de estratégia/RPG, nos mostram a utilização e resultados de sua aplicação.
No dia 03 de março, a Análise Espacial permitiu a revelação/confirmação ao mundo da identidade (agora) anônima de Bansky, um dos mais influentes artistas contemporâneos, sendo seus trabalhos em graffiti e estêncil mais conhecidos, além de pintor de telas, ativista político e diretor de cinema. Pesquisadores da Universidade Queen Mary de Londres publicaram o estudo “Tagging Banksy: using geographic profiling to investigate a modern art mystery“, no Journal of Spatial Science, e utilizarammodelos espaciais que são utilizados para investigação criminal, análises ambientais e epidemiológicas.
Tendo adotado o modelo bayseniano não-paramétrico – a mistura por processo Dirichlet (DPM) – eles utilizaram como amostras de entrada cerca de 140 obras localizadas em Londres e Bristol, revelando padrões espaciais de possíveis locais de moradia do artista intervencionista. Os dados indicaram um pub, um parque e um endereço residencial em Bristol, além de três endereços em Londres. Destes, a maioria coincidia apenas com um morador de Bristol, que já tinha ocupado ou visita regularmente tais áreas.
A relação entre a Geografia e Arte vão muito além da Cartografia (afinal ela é 50% técnica e 50% arte) ou de outras formas de apropriação científicas. Assim como no artigo “Guitarras e Mapas” ou mesmo no “Mapa do Amor“, o sentimento, o Lugar são essenciais no descobrimento do mundo, apropriação e sua organização espacial.
Este novo estudo corrobora, além do entendimento que o uso de dados e tecnologias vai muito além da representação gráfica e que a Inteligência Geográfica está em tudo, que uma das dimensões da Análise Espacial se remete à subjetividade das relações entre as entidades geográficas, ou seja, faz-se necessária a abstração do real, anterior e posterior à sua construção cartográfica, visando a Análise do Espaço (Geográfico) de maneira integral e não somente em suas facetas de Análise Espacial (Geométrica).
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