Segundo o especialista Abimael Cereda Jr., a cidade precisa fazer dos mapas ferramentas para planejamento e atualização do cadastro sobre espécies
São Paulo – A cidade de São Paulo ainda não tem visão espacial integrada sobre o território urbano e não alia novas tecnologias de monitoramento geográfico para a questão da arborização.Ainda faltam dados quantitativos e qualitativos acerca da vegetação para prever e evitar quedas e desastres naturais.
Quem afirma é Abimael Cereda Junior, gerente para o setor de educação da Imagem, empresa de inteligência geográfica. Segundo o especialista, São Paulo precisa fazer dos mapas ferramentas para planejamento para desastres – como os que ocorreram em janeiro e fevereiro deste ano, quando houve a queda de mais de 2.200 árvores, segundo o Centro de Controle Operacional Integrado da Prefeitura de São Paulo. Cereda afirma que uma das soluções é a atualização no cadastro ativo sobre árvores, o que facilitaria a manutenção e simulações de ocorrências.
A cidade tem apenas 48 mil árvores cadastradas no Sisgau (Sistema de Gerenciamento de Árvores Urbanas) – segundo a prefeitura, existem 650 mil em calçadas e canteiros. O Sisgau avalia parâmetros como espécies, características biológicas, geometria, presença de pragas e interferências do entorno.
Plantio inteligente
Cereda Junior defende o uso dos Sistemas de Informações Geográficas na cidade, ferramenta que prevê riscos por meio do monitoramento das condições de determinada árvore.
No País, o sistema é referência na cidade de Vitória (ES), onde foram mapeadas 28 mil árvores desde 2004 – São Paulo tem o dobro de árvores cadastradas, mas é quase 17 vezes maior. “Esse sistema fornece informações para os órgãos públicos, para ações emergenciais por exemplo. Também colabora para o engajamento da população, que tem conhecimentos sobre as áreas verdes da cidade”, explica Cereda.
Espécies
Especialistas concordam que o plantio de árvores nativas é um passo para melhorar a questão da queda de árvores. Porém, é possível implantar espécies exóticas na cidade, desde que com planejamento técnico prévio. Segundo Cereda, o cadastro ativo na cidade permitiria identificar os locais corretos para as espécies exóticas e não endêmicas. “É preciso conhecer o tipo de solo e as características da região. Não temos essas informações para o planejamento correto do plantio”, afirma.
Projeto-piloto
A Prefeitura de São Paulo iniciou um projeto-piloto de plantio de árvores na zona leste. Foram plantadas 61 mudas em buracos abertos direto no asfalto e sem de canteiros, no bairro Cidade Patriarca, para dividir as duas mãos da Avenida Patrocínio Paulista.
Cereda afirma que, do ponto de vista da integração geográfica, é positivo implantar novos modelos de arborização, e ressalta que os sistemas de informações poderiam fornecer simulações sobre novos projetos como esse. “Foram feitos estudos para a escolha da espécie a ser implantada, e isso pode surgir efeitos positivos.”
Novas tecnologias de informações geográficas podem prever e mitigar riscos por meio do monitoramento das condições de uma determinada árvore – como qualidade da raiz, idade, situação do tronco, entre outros. Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano houve queda de mais de 2.200 árvores em São Paulo. Especialistas concordam que a causa disso foi o manejo inadequado.
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