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PorAbimael Cereda Junior

SmartCampus: Inteligência Geográfica aplicada ao Planejamento e Gestão de Campi Universitários

Revista MundoGeo – Edição 83
10/11/2015

CEREDA JUNIOR, A. Planejamento e Gestão em Campi Universitários: inteligência Geográfica em Tempos de Geografia das Coisas. Revista MundoGeo, nov. 2015. Versão Revista Digital MundoGeo

UPDATE: Em dezembro de 2017 foi apresentado no Geodesign South America o trabalho “Geodesign for Campus University Planning and Governance” (CEREDA JUNIOR & FRANÇOSO, 2017). Confira as versões Português e Inglês

Geoprocessamento e a organização territorial

MundoGEO83-456x600Mapas são instrumentos de poder e de domínio. Se antes tais instrumentos e técnicas eram formas de controle do estado e estavam sob domínio de especialistas, hoje tal cenário ganha novos atores, sendo este poder não fragilizado, mas fortalecido. Se os estados inicialmente tinham a preocupação territorial (conhecer para integrar), hoje ele é assunto nos brainstormings de grandes corporações, com todos os seus vieses positivos e perversos.

Desta forma, as geotecnologias estão cada vez mais presentes no dia-a-dia, estejam os envolvidos cientes disto ou não: ao consultar mapas de trânsito, acessar imagens de satélite gratuitamente ou utilizar um sistema GNSS para localização via smartphone para indicar onde seus amigos se encontrarão na sexta-feira: a Geografia das Coisas.

organização do território não só encontra em tais tecnologias aporte técnico, mas também metodológico, para o seu entendimento integrado, desde o suporte ao gerenciamento e manutenção da infraestrutura física, passando pela segurança patrimonial e das pessoas, até geração de cenários para análise, como uso e ocupação físico-territorial ou mesmo ocupação de salas x demanda x necessidade de novas instalações – desvelando a necessidade de uso de ferramentas geográficas na compreensão da complexa realidade das organizações do mundo real, organizados em níveis (ou layers).

Os Campi Universitários são um exemplo claro de uma unidade-territorial muitas vezes esquecida nas discussões sobre organização territorial, planejamento físico e segurança das instalações e, principalmente, do ativo mais importante para a Universidade: os cidadãos, sejam do corpo acadêmico, técnico ou a população que consome tais espaços. “Uma mini-cidade” alguns podem dizer. Uma verdadeira cidade, podemos afirmar, uma vez que a população de algumas é realmente maior que boa parcela dos municípios brasileiros.

Se olharmos para o contexto de uma Universidade, os Sistemas de Informações Geográficas (da sigla GIS em inglês Geographic Information Systems) ainda possuem um longo caminho para a consolidação no Brasil com a finalidade de dar suporte às decisões administrativas e executivas, com o uso de programas sendo facilitado devido aos ambientes computacionais cada vez mais amigáveis – incluindo o gerenciamento e administração de um Campus Universitário, com sua bandeira cravada na Revolução da Cloud – ou qualquer outra unidade territorial educacional.

Com o uso não só técnico de um Sistema de Informações Geográficas, mas estruturado sobre bases sólidas metodológicas – como o levantamento de requisitos, modelagem do banco de dados espacial, escolha das ferramentas adequadas, fases intermediárias e projeções futuras – há a oportunidade de ir além da visão inventarial ou cadastral, utilizando as informações para geração de novos conhecimentos, permitindo a consolidação da Inteligência Geográfica Aplicada, com o pensar espacial integrado.

“Mapas para a Universidade? É disto que está falando?”

pagina 1 mundo 58A adoção de Sistemas de Informações Geográficas para integração dos campi Universitários, permite não somente uma visão espacial, por meio de mapas, ou mesmo a geração de relatórios síntese sobre seu uso e ocupação, ou mesmo definir o melhor caminho para o trajeto dentro do campus. O uso do GIS vai além disso; contribui com o levantamento de informações em áreas de negócio estratégicas para a alta administração (Reitoria), a identificação dos requerimentos de negócios e a situação atual processos atendidos do ponto de vista (Processos – Pessoas – Tecnologia).

Também se identifica oportunidades evolutivas dos processos definindo um novo “mapa” de soluções de Inteligência Geográfica para atender os objetivos estratégicos da Universidade. E, por fim, a definição de um plano de implementação que atenda às expectativas das áreas de negócios da universidade, maximizando os processos atuais por meio da implantação de soluções SIG, buscando benefícios e sugerindo um caminho e ações para a sua evolução (fases e projetos futuros)

No contexto administrativo-financeiro, o aumento de receita pode ser alcançado a partir de estudos locacionais e estratégias de intervenção, mas a diminuição de custos, principalmente àqueles ligados ao gerenciamento e manutenção dos campi é plausível e devem ser verificados pelo monitoramento de indicadores de performance, ou seja, analisar como o capital é empregado e como ele se dilui ao longo dos processos.

Inteligência Geográfica na Educação: as oportunidades de mudança se consolidam

Apontar caminhos para o entendimento e gerenciamento integrado dos Campi Universitários, em sua dimensão físico-administrativa, bem como administrativo-acadêmica, por meio de ferramentas de Geoprocessamento, pode conduzir a resultados positivos em todas as esferas, com diferentes patamares de implementação e resultados – as fases do projeto – de maneira planejada e objetivando metas alcançáveis.

O gerenciamento e manutenção da infraestrutura física, bem como a caracterização e análise físico-territorial de Campi Universitários, com a geração de mapas e cartas para otimização dos recursos são os primeiros pontos que pode-se destacar de um projeto de Gestão Administrativa Territorial de Campus; com tais modelos estruturados, a integração entre sistemas administrativos e acadêmicos é possível e, como exemplo de aplicação futura, a inclusão de novos cursos ou turmas de cursos existentes pode se realizada a partir da análise das demandas, integrando em um só sistema as dimensões físico-administrativa-acadêmica.

Um novo exemplo de maneira prática: análise do fluxo dos ônibus internos de acordo com a demanda dos alunos nos horários de pico. Há uma alteração na cadeia, pois aumenta a satisfação do aluno, ou seja, melhora o nível de serviço  logístico e diminui o custo logístico, diminuindo a frota nos momentos de baixa demanda. Isso aumenta a Receita (de forma “intangível”, pois só pode ser medida pela satisfação do usuário com uma simples pesquisa de opinião) e diminui o custo de forma “tangível“ com a redução do custo de combustível, manutenção e aquisição de veículos no longo prazo e folha de pagamento em hora-homem dos motoristas.

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A questão da Segurança no Campus pode ser assim discutida com o uso efetivo não de força, mas de Inteligência, com sistemas de monitoramento, alertas e controle, integrados à estas bases geográficas, permitindo que todos os atores acadêmicos participem e interajam informando irregularidades ou atitudes suspeitas, de maneira colaborativa, bem como sistemas para atuação em momentos de emergência que podem diminuir o tempo de atendimento.

E uma aplicação contemporânea: que tal uma app para os usuários dos Campi para localizarem suas salas de aula, laboratórios, espaços de convivência e – quem sabe – a criação de uma comunidade online baseada em laços educacionais? Ou mesmo denúncias de torneiras vazando, irregularidades e falta de iluminação? E a história do Campus? Seus principais pesquisadores? Onde ficavam suas salas? Podemos pensar ‘fora do mapa’ novas aplicações de interação geográfica por meio de dispositivos móveis!

Quem já faz?

No Brasil diversas universidades já reconhecem os benefícios da Inteligência Geográfica a aplicam na sua gestão. A Universidade Estadual de Campinas é um exemplo disso. Incialmente, sua base de dados espaciais, alimentada por uma Rede Técnica Colaborativa formada por vários órgãos da UNICAMP, tinha como principal objetivo o provimento de produtos informativos territoriais elaborados a partir do GIS para a construção do Plano Diretor Participativo do campus-sede (PDP-U). Com PDP-U se pretende uma transformação nos processos de gestão do território do campus-sede e dos outros campi com as novas possibilidades geradas graças ao olhar trazido pela Inteligência Geográfica. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (POLI-UFRJ), segundo depoimento do Prof. Dr. Fernando Rodrigues, o projeto é um instrumento que facilita o alcance aos princípios fundamentais da gestão, tais como a sustentabilidade, economicidade, cidadania e integração no Campus. Trata-se de uma revisão continuada do Plano Diretor da Universidade e que gera eficiência na administração e manutenção do Campus através de plataformas participativas e inteligentes.

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