Por Henrique Julião
As partes em vermelho são revisões de minha fala, pós-publicação da entrevista realizada por telefone, onde ocorreram alguns equívocos.
Demanda por mapas em aplicativos e sites fomenta surgimento do geogeek; área ambiental surge como principal alternativa para novos profissionais
São Paulo – Há vagas para profissionais de geografia. A alta de ferramentas de georreferenciamento, aliada à maior preocupação da sociedade civil com a questão ambiental, ampliaram o leque de opções para formados na área, que não precisam mais restringir sua atuação à academia.
“Há bastante campo e dar aula não é a única saída”, conta o geógrafo e professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Jorge Mortean. “Não existe a história de que não estamos inseridos. A categoria tem se mexido e, na medida em que o mercado se renova, vamos encontrando novas brechas”, completa Mortean.
Uma dessas possibilidades, afirma ele, é na área da sustentabilidade corporativa. Para ilustrar a questão, o professor toma si mesmo como exemplo: antes de partir para o mundo acadêmico, Mortean executou o papel de gerente de projetos em uma instituição filantrópica vinculada à um banco. À medida que as empresas percebem os benefícios que ações sócio-ambientais podem gerar, mais aquecida fica a procura por profissionais de geografia.
“O meio ambiente representa a maior área de atuação do geógrafo, tanto na iniciativa privada quanto em órgãos e empresas da esfera pública”, explica o conselheiro da Associação Profissional de Geógrafos no Estado de São Paulo (Aprogeo-SP) no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Renato Benito Felippe – outro que também tem envolvimento com iniciativas empresa/meio ambiente, desta vez na área petrolífera.
O motivo da predileção por profissionais da carreira é a mesma que leva universidades e consultorias a contratarem geógrafos para seus quadros: a abrangência da formação, que desenvolve profissionais mais aptos. “A área de atuação integra diversas áreas do saber. Essa visão integradora é o grande diferencial e o habilita a construir cenários que contemplam uma grande quantidade de aspectos”, destaca Felippe.
Mortean também exalta a conjugação de conhecimentos técnicos – que podem envolvem áreas como oceanografia e geobiografia, por exemplo – com especialidades humanas, que tornam o geógrafo em um profissional híbrido. “No caso dos professores, também pode se migrar para diplomacia, relações internacionais e institucionais”, diz o docente.
Tão importante para os geógrafos como a vertente ambiental, o mercado da tecnologia da informação também atrai parte da mão de obra, sobretudo em atividades vinculadas ao georrefereciamento e geoprocessamento.
Geoprocessamento
“A área passou por grandes mudanças nos últimos 15 anos. Quando cursei a Graduação em Geografia na UNESP Rio Claro, nosso Projeto Pedagógico não incluía a disciplina Geoprocessamento, somente “Informática para Geografia”. Quer saber mais sobre mudanças? Veja este vídeo. Hoje os cursos têm pelo menos três matérias sobre o assunto”, conta o geógrafo e gerente da vertical educação da Imagem, Abimael Cereda Junior. A empresa é umas das primeiras em todo o País a atuar na área de soluções de Inteligência Geográfica.
Atualmente, a Imagem tem 17 geógrafos em seus quadros. “Hoje em dia, todas as empresas lidam com Dados e Informações Geográficas, não como mera localização e/ou representação, mas como base de seus processos de tomada de decisão.“, explica Cereda Junior, se referindo à presença de elementos como mapas em aplicativos para smartphones. Mortean vai pela mesma linha: “Quando você liga um app como o Waze ou Uber, o mapa é apenas o trabalho final. Na atualização, decodificação e tradução dele está o geógrafo e o geoprocessamento”.
Ainda que não existam estudos sobre a tendência, o campo da tecnologia surge como alternativa para os novos geógrafos. Para Cereda Junior, a convergência está resultando em uma nova geração profissional: o “geogeek”, que reúne as competências do geógrafo com as habilidades da computação e da informática.
Versão original em PDF – DCI 11/11/2015