Geodesign South America 2017 – Strategic Planning for Alternative Futures
Belo Horizonte, Brazil, December 11-14, 2017
Escola de Arquitetura da UFMG
CEREDA JUNIOR, A.; FRANÇOSO, M.T. Geodesign for Campus University Planning and Governance. Anais… Geodesign South America 2017: Strategic Planning for Alternative Futures. Belo Horizonte: UFMG. 2017.
A utilização de técnicas para análise, entendimento e intervenção no Espaço Geográfico permeia toda a história da humanidade: a Inteligência Geográfica é inerente ao processo civilizatório, uma vez que esta “provê aos especialistas envolvidos controle sobre o processo de decisão”, bem como “diz respeito ao uso da Geografia e todas as possibilidades espaciais para dar respostas a um ou mais problemas, sejam eles sociais, econômicos ou naturais”. Cabe às pessoas e organizações que tem a gestão territorial, empresas e entidades se apropriarem tecnicamente de uma plataforma de análise de informações geográficas – SIG/GIS (CEREDA JUNIOR & GONÇALVES, 2012).
Há em curso, neste momento, mudanças estruturais quanto aos Sistemas de Informações Geográficas, com a visão integrada dos Sistemas de Registros (explorado nos conceitos clássicos), dos Sistema de Engajamento e Sistemas de Conhecimento. A sociedade interage, de maneira ubíqua e invisível, com Dispositivos, Vivência, Sociedade e Sistemas de Informação integrados e interligados por meio de redes de informações, como anunciado por Castells (2003), em que a relação não é somente homem-máquina, mas uma relação cidadão-sociedade-tecnologia.
A organização do Território encontra em tal Transformação o aporte técnico e metodológico para o seu entendimento, incluindo a escala “Campus Universitário”, uma unidade-territorial muitas vezes esquecida nas discussões sobre planejamento e gestão, desde o suporte ao gerenciamento e manutenção da infraestrutura física, passando pela segurança patrimonial e das pessoas, até geração de cenários para análise, como uso e ocupação físico-territorial ou mesmo ocupação de salas x demanda x necessidade de novas instalações, desvelando a necessidade de uso de ferramentas geográficas na compreensão da complexa realidade das organizações do mundo real, para além da organização em níveis (ou layers).
Com o uso não só técnico de um Sistema de Informações Geográficas, mas estruturado sobre sólidas bases metodológicas, há a oportunidade de ir além da visão inventarial ou cadastral, utilizando as informações para geração de novos conhecimentos, permitindo o vislumbre da Inteligência Geográfica, com o pensar espacial integrado, desde os levantamentos de dados iniciais além dos trabalhos de campo, produtos cartográficos e de sensores remotos, bases pré-existentes, etc., visando propostas de intervenção no mundo real.
A utilização de Sistemas de Informações Geográficas vai além à proposta do gerar mapas ou mesmo infográficos para auxílio na tomada de decisões; avança ao gerenciamento físico-territorial incorporando práticas de coleta e armazenamento de dados a partir de modelos previamente elaborados, o que permite responder questões patentes e apontar soluções específicas, bem como revelar novas leituras espaciais, apresentando questões latentes e soluções integradas. Desta forma, com o advento de sua estruturação metodológica, no geodesign encontra-se o suporte para tal concretização.
Sendo um conceito que soa novo na literatura e ciência brasileiras mas trabalhado há aproximadamente 30 anos por Carl Steinitz (1995, 2012), este se baseia na apreensão do processo de design para a Análise Geográfica por meio de um conjunto de questões e métodos necessários para resolver problemas amplos, complexos e significativos relacionados à projetos em diferentes escalas geográficas, de um bairro a uma cidade, uma região ou uma bacia hidrográfica (STEINITZ, 2012) ou, conforme o presente trabalho, de um Campus Universitário.
Para Goodchild (2010) enquanto a Geografia é o conjunto de processos que operam sobre ou perto da Terra, o Geodesign refere-se à intervenção nos ‘objetos’ que resultam destes, visando alcançar objetivos específicos, permitindo a integração de atividades antrópicas com o ambiente natural, respeitando as peculiaridades culturais e possibilitando um processo de tomada de decisão de forma democrática.
Tratando-se de uma proposta metodológica, foram estabelecidos por Steinitz (2012) seis modelos para responder questões que sistematizam tal processo analítico, sendo três voltados para a avaliação da área de estudo e três de cunho intervencionista/propositivo. A proposta da pesquisa e intervenção em desenvolvimento na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP – SP) estrutura-se nestes e, por apropriação dos modelos de Representação, Processos e Avaliação, propõe como chave cinco dimensões:
Este trabalho apresenta resultados prévios da pesquisa que objetiva desenvolver estudos de análise e desenvolvimento alicerçado nos conceitos e paradigmas do chamado Geodesign conforme STEINITZ (1995, 2012), considerando dimensões como a habitabilidade, colaboração e engajamento da Comunidade, modelagem multi-escalar, parametrização para análises 3D e visualização tempo-espaço, buscando melhores níveis de eficiência e de eficácia na gestão e planejamento de campi universitários ou outras unidades de gerenciamento territorial em escala e dimensões de análise compatíveis.
O gerenciamento e manutenção da infraestrutura física, bem como a caracterização e análise físico-territorial de Campi Universitários, com a geração de mapas, apps e dashboards para otimização dos recursos são possíveis tendo o Geodesign como um dos pilares para a Gestão Administrativa Territorial de Campus.
Apontar caminhos para o entendimento e gerenciamento integrado, em sua dimensão físico-administrativa por meio do Geodesign, pode conduzir a resultados positivos em todas as esferas, com diferentes patamares de implementação e planejamento, objetivando metas alcançáveis.
CEREDA JUNIOR, A.; GONÇALVES JUNIOR, F. Da Análise Espacial à Análise do Espaço: para além dos algoritmos. In: XVII Encontro Nacional de Geógrafos, 2012, Belo Horizonte – MG. Anais do XVII Encontro Nacional de Geógrafos, 2012.
GOODCHILD, M. F. Towards Geodesign: Repurposing Cartography and GIS? Cartographic Perspectives, 66, 7-21. 2010.
STEINITZ, C. A Framework for Geodesign: changing Geography by Design. Redlands: Esri Press, 2012.
STEINITZ, C. A Framework for Landscape Planning Practice and Education. Process Architecture, no. 127, 1995.
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