A Educação, desde os níveis mais básicos, possui grandes desafios ao tratar de tecnologias em sala de aula e as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que transpassam a discussão sobre sua introdução, metodologias ou, na maioria dos casos, tecnicismo ou substituição do analógico vs digital. No contexto das geotecnologias, nos últimos anos algumas iniciativas surgiram – muitas positivas, mas outras desastrosas – criando modelos e formas de adoção que, em alguns casos, levam os professores à desistência, pela complexidade ou falta de formação anterior, ou mesmo, com um exemplo específico, calcadas na extração de feições e outros elementos de produtos de Sensoriamento Remoto, mas sem conexão com o conteúdo desenvolvido e/ou realidade ou até mesmo como tópico especial.
Concomitantemente, como discutido por Cereda Junior (2015a), a nova geração de alunos, mais informados e conectados, está chegando às escolas buscando seu protagonismo como cidadãos. O Mapa – que revela a imensidão e a complexidade do mundo aos estudantes e a importância de entender onde os fenômenos ocorrem e como estes impactam as nossas vidas – não pode ser somente estático, ou criado com vistas a ilustrar um fato ou conceito. Contudo, se tal abordagem for inserida como “conteúdo de Geografia” ou “apoio visual”, perde-se a chance da reflexão não só sobre o Território e Paisagem, mas também do Lugar e, para muito além do uso específico nas aulas de Geografia.
Como exemplo, a evolução (e diminuição nos custos) na última década das câmeras digitais, acesso à Internet e os sistemas de posicionamento por satélite (como o GPS) – e estes presentes na maioria das mochilas escolares em um smartphone – permite trabalhos de campo integrados, com diversas disciplinas em torno de uma problematização, seja na escala da quadra, bairro ou mesmo município, utilizando dispositivos e apps já presentes no dia-a-dia dos alunos e professores; com o levantamento de dados in-loco, amostragem de pontos, entrevistas com a população local (com fotos e vídeos), uso de imagens orbitais e de drones, consumo de dados públicos governamentais e a criação de mapas, relatórios e aplicativos interativos e sociais gratuitos, inicia-se um novo ciclo: não a produção de produtos cartográficos e/ou de síntese, mas a criação de uma consciência Espacial, que leva à criticidade sobre o Espaço, unindo Dispositivos, Vivência, Sociedade e Sistemas de Informação: o tempo da Geografia das Coisas (Cereda Junior, 2015b).
Tendo isto em mente, a Inteligência Geográfica, ou seja, a integração entre a Ciência Geográfica e as Tecnologias, traz à discussão não a relação com a técnica ou homem-máquina, mas sua relação cidadão-sociedade-tecnologia. O exemplo acima exemplifica metodologias, ferramentas, transposição didática e uso de tecnologias adequadas ao educar espacial, com a apropriação transparente de novos paradigmas estado-da-arte na Ciência Geográfica e Cartográfica, como a cloud, mapas colaborativos, conteúdo geográfico dinâmico, entre outros temas, mas de maneira prática, reflexiva e não invasiva quanto aos conteúdos já propostos.
Desta forma, a adoção de Tecnologias e Geotecnologias vai muito além do “software para fazer mapas”: o que aqui se discute não é introdução de técnicas de mapeamento em ambiente computacional ou mesmo o uso de dispositivos, como smartphones, para o saciamento do fetiche pela tecnologia; trata-se da construção conjunta da Visão Geográfica (Espacial) com o aluno, levando-o à criticidade quanto ao meio em que se insere sem, contudo, entender este meio como um retrato estático ou contemplativo, proporcionando à Educação concretizar um dos seus papéis fundamentais: a formação de cidadãos para uma sociedade crítica e com justiça sócio espacial.
CEREDA JUNIOR, A. Inteligência Geográfica na Educação: Transformando o mundo por meio da integração tecnológica e geoespacial no processo de ensino-aprendizagem. Conhecimento Prático: Geografia, São Paulo: Editora Escala, p.30-31, jan. 2015, edição 58. Bimestral.
CEREDA JUNIOR, A. Muito além da Internet das Coisas: a Geografia das Coisas. Conhecimento Prático: Geografia, São Paulo: Editora Escala, p.30-31, abr. 2015, ediçã0 60. Bimestral.
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